sexta-feira, 20 de maio de 2016



















Iniciado


 




“Eu sou vários! Há multidões em mim. Na mesa de minha alma sentam-se muitos, e eu sou todos eles. Há um velho, uma criança, um sábio, um tolo. Você nunca saberá com quem está sentado ou quanto tempo permanecerá com cada um de mim. Mas prometo que, se nos sentarmos à mesa, nesse ritual sagrado eu lhe entregarei ao menos um dos tantos que sou, e correrei os riscos de estarmos juntos no mesmo plano. Desde logo, evite ilusões: também tenho um lado mau, ruim, que devo manter preso e que quando se solta me envergonha. Não sou santo, nem exemplo, infelizmente. Entretanto, um dia me descubro, um dia serei eu mesmo, definitivamente. Como já foi dito: ouse conquistar a si mesmo.”



Deserção


Eis-me aqui,
Desnudo,
Transparente,
Frágil,
Menino,
Inocente,
Sou teu, imola-me.
Verte meu sangue à tua terra.
Mata a sede de tua vingança.
Eis-me aqui,
Em desalinho, sem armadura, sem espada, sem escudo...
Não quero mais combater, cansei das batalhas, das guerras, da estrada.
Quero voltar para casa onde os meus me esperam com os corações apertados.
Eis-me aqui,
Puro,
Sem mágoas,
Armas depostas,
Sem medo,
Sem culpa,
Pronto!



Jaboatão 21 de Julho de 2015